quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Sobre ser gorda...




Recentemente, uma situação me deixou pensativa sobre o fato de estar “acima do peso”, ou simplesmente de ser gorda (Gosto da palavra gorda! Ela me dá a sensação de uso de plenitude labial. Fale a palavra... Ela não parece preencher espaços? Sei lá... Mario Quintana é quem deveria ter escrito sobre isso... Acho que lhe passou batido).

Logo após o Miss Universo (na verdade, antes/durante/depois), transformaram a representante canadense nesse ser: gorda (E eu, como tantas, correndo para o Santo Google para fazer a pesquisa: como ser gorda como a Miss Canadá”)! E, eis que de repente não mais que de repente, as redes sociais se encheram de seres humaninhos dizendo “não é que eu seja gordofóbica, não... Mas é que para esse tipo de concurso não serve! Cadê o 90 – 60 – 90?” E nesse ouvir/ler descobri gente pertinho pertinho de mim com esse padrão estético tão endurecido e feroz.

E pensei cá com meus botões (muito embora, há tempos não use camisas de botão!): se esse ser humaninho acha uma miss canadense gorda, o que deve achar de mim? Cada vez que me olha, o que passa por sua linda e magra cabeça?

Atenção! Não estou me fazendo de coitadinha! Não precisa começar a escrever na minha timeline: “Rô, você não é gorda”. Eu sou. Já fui mais magra (nunca uma miss!), mas hoje sou assim: gorda. E observem que não quero fazer apologia ao tema, pois também não estou dizendo que amo ser assim – que o digam todas as nutricionistas que já consultei. Mas não me odeio, pois sou assim e, por ser, me aceito. Ontem fui diferente, amanhã posso ser outra, mas hoje, sou assim. Conviver com essas patrulhas estéticas por perto é que não é nada agradável, pois faz você se sentir de outro mundinho.

E faz também que você pense que só pode ser feliz quando for miss... “E eu quero”, como lindamente escreveu e canta Oswaldo Montenegro, “ser feliz agora”! Não amanhã. Quero ser feliz e amada hoje – e quando falo em amor, falo em desejar o bem, preocupar-se com o outro, sentir afeição por outrem.
Encerrando, uma historinha: um dia desses qualquer, meu sobrinho mais novo deu um apertão na minha barriga e disse: “Tia Rô, sua barriga é gorda”. Perguntei a ele se me amava menos por isso. Olhou-me confuso e respondeu rapidamente, querendo se redimir de algo errado que nem sabia que “era errado”: “Não. Mais!” É claro que ele não tem que me amar mais por isso , mas nem menos (Torço para que ele conserve esse olhar!). Assim deveria caminhar a humanidade!

Enfim... são reflexões de uma quarta-feira. Vamos viver a nossa vida, e deixar os outros viveram a sua? Não é tão difícil. Tente.

Ps.: Você sabia que até pouco tempo atrás, um dos então “donos” do evento Miss Universo escolhia pessoalmente cinco das quinze candidatas finalistas? Depois, ele mudou de ramo... Foi ser presidente de uma das maiores potências de nosso mundinho... Precisa invocar o nome daquele que não deve ser pronunciado? É só pesquisar!


Abraços. Seja feliz!

Sustância, que tem origem no latim com a palavra substantia (substância) e significa, dentre outros: a parte mais nutritiva dos alimentos, o que é absolutamente indispensável para a manutenção da vida (sustança), destina-se a reflexões “sustanciais”!

Rosangela Marquezi
Professora de formação e atuação, mas sonhadora de um mundo melhor por opção.

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