Recentemente, uma situação me deixou pensativa sobre o fato de estar “acima do peso”, ou simplesmente de ser gorda (Gosto da palavra gorda! Ela me dá a sensação de uso de plenitude labial. Fale a palavra... Ela não parece preencher espaços? Sei lá... Mario Quintana é quem deveria ter escrito sobre isso... Acho que lhe passou batido).
Logo após o Miss Universo (na
verdade, antes/durante/depois), transformaram a representante canadense nesse
ser: gorda (E eu, como tantas, correndo para o Santo Google para fazer a
pesquisa: como ser gorda como a Miss Canadá”)! E, eis que de repente não mais
que de repente, as redes sociais se encheram de seres humaninhos dizendo “não é
que eu seja gordofóbica, não... Mas é que para esse tipo de concurso não serve!
Cadê o 90 – 60 – 90?” E nesse ouvir/ler descobri gente pertinho pertinho de mim
com esse padrão estético tão endurecido e feroz.
E pensei cá com meus botões
(muito embora, há tempos não use camisas de botão!): se esse ser humaninho acha
uma miss canadense gorda, o que deve achar de mim? Cada vez que me olha, o que
passa por sua linda e magra cabeça?
Atenção! Não estou me fazendo de coitadinha!
Não precisa começar a escrever na minha timeline: “Rô, você não é gorda”. Eu
sou. Já fui mais magra (nunca uma miss!), mas hoje sou assim: gorda. E observem
que não quero fazer apologia ao tema, pois também não estou dizendo que amo ser
assim – que o digam todas as nutricionistas que já consultei. Mas não me odeio,
pois sou assim e, por ser, me aceito. Ontem fui diferente, amanhã posso ser
outra, mas hoje, sou assim. Conviver com essas patrulhas estéticas por perto é
que não é nada agradável, pois faz você se sentir de outro mundinho.
E faz também que você pense que
só pode ser feliz quando for miss... “E eu quero”, como lindamente escreveu e
canta Oswaldo Montenegro, “ser feliz agora”! Não amanhã. Quero ser feliz e amada
hoje – e quando falo em amor, falo em desejar o bem, preocupar-se com o outro,
sentir afeição por outrem.
Encerrando, uma historinha: um
dia desses qualquer, meu sobrinho mais novo deu um apertão na minha barriga e
disse: “Tia Rô, sua barriga é gorda”. Perguntei a ele se me amava menos por
isso. Olhou-me confuso e respondeu rapidamente, querendo se redimir de algo
errado que nem sabia que “era errado”: “Não. Mais!” É claro que ele não tem que
me amar mais por isso , mas nem menos (Torço para que ele conserve esse
olhar!). Assim deveria caminhar a humanidade!
Enfim... são reflexões de uma
quarta-feira. Vamos viver a nossa vida, e deixar os outros viveram a sua? Não é
tão difícil. Tente.
Ps.: Você sabia que até pouco tempo atrás, um dos então
“donos” do evento Miss Universo escolhia pessoalmente cinco das quinze
candidatas finalistas? Depois, ele mudou de ramo... Foi ser presidente de uma
das maiores potências de nosso mundinho... Precisa invocar o nome daquele que
não deve ser pronunciado? É só pesquisar!
Abraços. Seja feliz!
Sustância, que tem origem no latim com a palavra substantia (substância) e significa,
dentre outros: a parte mais nutritiva dos alimentos, o que é absolutamente
indispensável para a manutenção da vida (sustança), destina-se a reflexões
“sustanciais”!
Rosangela Marquezi
Professora de formação e atuação, mas sonhadora de um mundo
melhor por opção.
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